Esta praga é o ácaro Aceria Litchii, o ácaro-da-erinose, e já chegou também aqui no sul de Minas.
Há pouco tempo pesquisei-a para combate no pomar de uma fazenda onde se localiza um orquidário em que dou assistência.
Os adultos do ácaro-da-erinose migram das folhas maduras para folhas jovens, tornando-as curvas e distorcidas. Folhas e frutos atacados têm crescimento anormal, provocando a sua queda prematura. De acordo com informações obtidas no continente asiático (BUTANI, 1977), os ovos de Aceria litchii, com 0,04 mm de diâmetro, esféricos e brancos translúcidos, são colocados individualmente na superfície das folhas na base dos eríneos. Os adultos também são pequenos, com apenas 0,15 a 0,2 mm e coloração de branca a alaranjada. A praga foi constatada pela primeira vez no Brasil em 2008 (RAGA et al., 2010), atacando severamente lichieiras adultas no Município de Limeira (SP).
O período de incubação dos ovos dura por volta de dois a três dias, a fase de ninfa II apresenta duração de oito a doze dias e os adultos apenas dois a três dias. Todos os estádios apresentam somente quatro pernas, mas são bastante móveis e se locomovem facilmente das folhas velhas para novas brotações. Sua alimentação estimula a produção de eríneos, local em que se alimentam e se abrigam (FAO, 2002). Os números variam com o número de brotações, que são elevados no verão e reduzidos no inverno.
O desenvolvimento populacional desses ácaros nas plantas hospedeiras pode provocar deformações de órgãos vegetais, pústulas, eríneos, enrolamento do bordo foliar, galhas e má formação das gemas (MORAIS et al. 2008).
A infestação de A. litchii tem início em folhas novas, com a formação de galhas com eríneos de coloração clara, que escurecem com o tempo.
Galhas escuras podem ser vistas em folhas maduras.
O controle de A. litchii exige medidas, como poda das plantas e pulverização de acaricidas. A poda leve das plantas em ramos com erinose, seguida imediatamente da retirada e destruição por fogo do material podado, são medidas efetivas para o controle do ácaro-da-erinose nos talhões de lichia. Nossas observações indicam que as maiores populações de A. litchii são encontradas no terço inferior das plantas, consequentemente, a poda dos ramos sintomáticos na região da saia da plantas deverá ser rigorosa
Pulverizações para controle de A. litchii devem ser realizadas no início do período de brotação da lichieira, visando os ácaros que estão em deslocamento para novos locais, antes que estejam protegidos entre os eríneos. Os eríneos são zonas da lâmina da folha onde a divisão celular se intensifica dando origem a um empolamento da superfície foliar que forma uma estrutura oca que serve de proteção e abrigo ao ácaro.
Três pulverizações com acaricidas autorizados devem ser realizadas durante as brotações, com intervalos entre 10-14 dias;
e alternadas de enxofre e dimetoato, sendo a primeira realizada no início das brotações;
Cuidados especiais devem ser tomados com a pulverização de enxofre sob altas temperaturas, devido ao risco de causar fitotoxicidade.
Até o momento não há registro de agrotóxicos para a cultura da lichia no Brasil (BRASIL, 2011). Na literatura internacional, os acaricidas à base de enxofre, carbaril, dicofol, dimetoato, fentoato, monocrotofós, cihexatina e azociclotina apresentam controle satisfatório do ácaro-da-erinose (PRASAD; SINGH, 1981; SHARMA; RAHMAN, 1982; SHARMA et al., 1986; SHARMA; THAKUR, 1992; CHILDERS et al.,1996), tendo enxofre e dicofol demonstrado seletividade aos ácaros predadores (Phytoseiidae) associados a A. litchii.
Na fazenda que acima mencionei usamos o Kumulus (ENXOFRE A 80%) FAIXA AZUL 2g/L de água.
Intercalado com o ORTHENE® 750 BR Acefato O,S-dimethyl acetylphosphoramidothioate a 75% 1g (0,75g i.a.) / L de água– Produto faixa verde, embora seja um ORGANO FOSFORADO; portanto todo o cuidado ao aplica-lo, como uso de EPI.
O controle biológico pode ser feito com a introdução de ácaros predadores e de fungos entomopatógenos ao A. litchi.
Bibliografia
– Inst. Biológico de São Paulo. Documento Técnico 012—Agosto de 2011—p.1-9
- REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE AGRONOMIA - Número 20 –Dezembro de 2011.
Obs- O ácaro Aceria litchii não afeta orquídeas.
Espero ter ajudado,
At.
Prof. René Rocha
Areado - MG
